segunda-feira, 30 de março de 2009

Radioheadeano

A expectativa de ver Radiohead no Brasil deixou-me instigada dias a fio.

A banda referência.
As músicas preferidas.
A performance de Thom Yorke.
A versão ao vivo das canções. Tudo era esperado com uma ansiedade quase adolescente, mesmo eu já tendo visto o vídeo show em Tóquio. Mas a frieza do público japonês, que sob o efeito de drogas sintéticas assistiam lívidos ao concerto numa mistura de placidez e indiferença, me dizia que no Brasil seria melhor, diferente.

Voltando, apesar do volume do som estar um pouco estourado, apesar das falhas de transmissão no telão, o concerto foi muito, muito bom. A concepção cenográfica com móbiles de leds, a iluminação precisa e o vídeo que trazia ângulos inusitados e simultâneos dos quatro integrantes já faziam do show um bom espetáculo.

As danças bizarras de Thom Yorque e sua tentativa de quase integração com o público também foram interessantes. O setlist foi bem equilibrado, mas senti falta de Just. Os arranjos, as versões e a empolgação do público brasileiro foram perfeitos.

A sensação que fica é de que vivi um momento histórico que foi compartilhado com 30 mil pessoas. Foi rápido demais, entretanto, ficou marcado na minha memória. Contarei aos meus netos e todos que me conhecem também saberão das emoções que vivi lá.


Att: têm uns pontos negativos que depois eu posto.

O vídeo que escolhi para postar traduz o clima da plateia e é de uma música que tem uma história bem pessoal pra mim. Foi a primeira música do grupo que conheci e me lembra demais a Alemanha e os meus desparates germânicos

quarta-feira, 25 de março de 2009

Saldo: meio esvaziada

Tentei passar 5 dias offline sem computador e celular. Era uma tentativa de desopilar,livrar-me um pouco da tensão e pressão que me envolvem, mas alguns índices, como diria Barthes, remetiam-me àquela existência que pressupunha ter deixado em Recife.

Destaco dois episódios que pra mim foram extramamente "opressores".

1º ter encontrado muita gente conhecida em São Paulo. Absurdamente topei com muitas pessoas conhecidas em lugares diferentes. Da Paulista ao metrô, passando pelo hotel. Desses, 2 ou 3 encontros pareceram-me bizarros demais, tipo trombar no elevador do hotel com uma antiga amiga que estudou o primário comigo em Surubim e que há 10 anos não a via. Encontrar com a vizinha de infância do meu pai na estação S. Bento. Ver Delmo Montenegro comprando sombrinha na Paulista tb foi um tanto bizarro.

Essas casualidades podem ser banais, mas àquela altura, naquele processo de esvaziamento a que estava me propondo elas me informavam incessantemente que a fuga, o resetar-se, não seria possível sem o enfretamento da realidade.

2º outra bizarrice foi ter encontrado a todo momento propagandas da empresa em que trabalho. PQP. No metrô, no ônibus e em todos os lugares encontrava aquela marca que vijiava meus passos tal qual um panóptico foucaultiano. Até mesmo durante o show 2 músicas do kraftwerk me impunham ao universo francês, ou seja, ao meu trabalho.

* Escrevi este texto no avião. 70% dos passageiros conhecidos. São indies, roqueiros, jornalitas, gente de comunicação... Enfim, acho que já cruzei com todos eles pelo menos uma vez na vida. PQP!!!!!!!!!

sexta-feira, 13 de março de 2009

Kd o papel e a caneta?

Às vezes acho que tenho TOC, pois vivo sempre escrevendo o que tenho que fazer em pequenos papéis. Tem momentos que passo mais tempo planejando e aí como consequência, não sobra tempo para a execução. hahahhaha. A sensação de fazer tudo sem planejamento, no piloto automático é um pouco incômoda pra mim.

Nos últimos dias têm sido assim: saio de casa, vou ao trabalho e faço todas as coisas sem nenhum tipo de planejamento prévio e sem meus papeizinhos para me ajudar. O engraçado é que sempre planejei tudo na minha vida, inclusive as relações entram neste esquema. Ou seja, na tentativa de ter o controle das emoções, lanço mão das minhas listinhas escritas. É bom e ruim. Amore que o diga. hahahahaha.


1) Apesar da rotina e do hard work, a proximidade da data do show do Radiohead tem me feito abstrair um pouco.


2) Hoje acordei com esta música na cabeça. Teve uma época que havia adotado ela como minha canção-síntese. Hoje mais não.

domingo, 8 de março de 2009

entre-lugar: cinema e literatura

Tenho andado um pouco reflexiva demais estes dias, pois terei que tomar uma decisão um tanto delicada: estou pensando em voltar para Letras no doutorado. Na realidade, sempre fui muito dividida. Como estudante de jornalismo me sentia mais próxima do campo literário e como crítica literária tinha diversas vezes a sensação de que eu era apenas uma futura jornalista. Enfim, vivo num entre-lugar.

No entanto, nos últimos dois anos, época que estive um pouco afastada da Literatura por causa do mestrado, tenho sentido uma urgência de voltar para um campo que me possibilita um enorme prazer. Sendo que se eu for pensar do ponto de vista prático, nunca ganhei um puto com o curso de Letras e no caso acredito que há mais chances de ser absorvida na Academia com Comunicação. Mesmo assim, sinto algo em mim que diz que eu tenho que pensar primeiramente no prazer, no amor que tenho por aquilo tudo e deixar dinheiro e outras coisitas em segundo plano. Sei não, terei dois meses para pensar sobre o assunto. Fazer escolhas é sempre delicado e pra uma libriana então...

Novidade quentíssima: meu trabalho sobre Walter Salles e o road movie kitch foi aceito num congresso de cinema na Argentina. Terei que apresentá-lo em junho. MEDO!!!!!!!!

terça-feira, 3 de março de 2009

espiritualidade

eu estava aqui pensando como seria minha vida se eu não tivesse uma fé religiosa. Longe de mim fazer proselitismo e tal, mas confesso que a religião me ajuda a segurar a onda de muita coisa. Antes que me perguntem qual é a minha crença, digo que sou espírita. "Espírita kadercista" como falam algumas pessoas.

Mas voltando ao assunto, como a base do espiritismo é o racionalismo cartesiano e como toda a doutrina está ancorada num método cientificista isso me ajuda muito a racionalizar e compreender o mundo, a minha existência e algumas diferenças. Neste sentido, observo também que a beleza e a grandiosidade da lógica cristã (com suas odes ao amor, à caridade e ao perdão) colaboram pra gente de alguma forma suavizar a vida.

Em alguns momentos críticos que passei - ainda bem que foram poucos - não foram as bobagens que aprendi nos livros que me fizeram superá-los, mas, naquele instante pra mim foi fundamental a certeza de uma energia maior e a convicção num futuro mais ameno. Hoje tento equilibrar minha ânsia incessante por transcendência com as demandas da vida material. É isso!

segunda-feira, 2 de março de 2009

E BBB é programa?

Li uma frase do Jean-Claude Bernardet que fiquei pensando. Ele dizia que o Big Brother Brasil era um dos principais fenômenos estéticos da contemporaneidade. O pesquisador, que é um dos meus preferidos, só não explicou mais esse lance da importância do BBB.

Eu até entendo que vários conceitos contemporâneos são acionados na construção do programa e tal, tipo o lugar do privado, sociedade do espetáculo de debord, ideias sobre a juventude, questões ligadas às minorias. Tem também aquele lance foucaultiano de vigilância, mas fico pensando qto à questão estética mesmo.

Eu sei que qdo assistimos ao BBB rola uma catarsinha mesmo, uma coisa que aponta para o preenchimento da nossa necessidade de sermos públicos, midiatizados (leia-se orkut, blogs etc.). Mas acho tb que não passa disso, né não?