Minha gatinha tá doente (foi diagnóstica com câncer)e esta previsilidade da morte me deixou um pouco assustada. Já havia pensado na morte em vários sentidos, o filosófico, o religioso, o artístico, mas tê-la próxima de um ser tão miúdo e por quem nutro tanta afeição mexeu um pouco com aquela pretensão de onisciência e poder que é tão cara a mim.
Com Nara aprendi a respeitar e amar os animais. Descobri que eles têm afeto, são inteligentes e verdadeiros. Muitas vezes questionei quem realmente era o mais evoluído e passei a refletir em torno da hierarquia de valores relacionada a superioridade da raça humana em detrimento à animal. Em quase dois anos de convivência ela ensinou-me demais e isso levarei para a vida toda.Todos aqui em casa estão vivendo um luto anunciado, uma espécie de dor suspensa.
Contraditoriamente a única certeza que temos na existência é a que mais tentamos escamotear. Enfim, não há enfretamento digno ante à morte. Diante dela somos todos miseráveis, pois com seu cajado e vestes pretas ela destrói a nossa pretensa racionalidade, ao apresentar-nos friamente a nossa mediocridade.
No entanto, a fé cristã me coloca a esperança e espero que as coisas sejam revertidas.