sexta-feira, 17 de julho de 2009

Eu não quero ser José Mindlin

Querida Ju,

acho que precisamos fundar logo aquela grupo que havíamos pensado em criar quando estávamos em terras fluminenses. Você acredita que desde que cheguei já acrescentei mais dois objetos de desejo a minha prateleira branca? Confesso que um deles foi o "Prenez soin de vous".

Mas amiga, o que será que nos move a esse desejo compulsivo de adquirir aqueles retângulos de folhas? De onde vem tanta devoção a um ser que é tão egoísta, tão instável e cheio de verdades insurportáveis?

Você se lembra quantas vezes, ao longo de nossas vidas, ele nos pediu mais atenção e, submissamente, deixamos tudo para dedicar-lhe algumas horas? Quantas vezes economizamos, apertamos o orçamento, cortamos surpéfluos - comer, por exemplo, e aplicamos e gastamos tudo com ele?

É, mas parece que ele não reconhece o impacto que causa às nossas vidas. Será que ele já pensou nas mudanças que nos trazem? Acho que não. Como diz minha vó: "ele é tão dono de si". Por isso, precisamos organizar a confraria para tentar estelecer e construir uma relação saudável com ele. Curadas, a racionalidade reinará.

"Só por hoje, não comprei um livro". (MENTIRA)


* Em breve o estatuto e os primeiros passos do provisório MALDA (Mulheres que Amam Livros Demais Anônimas).

Um comentário:

Juliana D. disse...

Olá Raquel,

primeiramente, gostaria de agradecer pelo post-carta. :) Realmente me comoveu bastante.

Já ouvi algumas teorias sobre esta nossa compulsão, inclusive de psicologos, os quais dizem que seria uma maneira de "adquirir" o conhecimento, de tê-lo materializado. Outros que seria uma maneira de prolongar a vida, de retardar, mas prefiro as versões mais românticas; afinal, ter um livro, abri-lo, sentir o cheirinho de novo, ser a primeira a desvendê-lo... amo esta sensação!!

Pois é... atualmente passo por um processo de modificação (ou talvez eu queira passar, o que já é um primeiro passo) por causa de um livro; justamente um livro do evento cult e hiperconsumista no qual fomos e no qual fizemos parte. Há pouco estava aqui, mostrando a meu amigo os autógrafos, os queridos livros.

E o ciúme? Nossa... se alguém quiser me fazer mal, faça a um livro meu que me atinge mais. É como se eles fossem uma parte de mim, uma parte da minha biografia, dos meus gostos, como se eles falassem por mim o que não consigo expressar.

Lembra de quando estávamos cuidando uma da outra para não sucumbir ao desejo?!?!

Bem... tem que ir nessa... Acabei de ouvir: "O Video Show é em Paraty" e... como recordar é viver... hehehe

E vamos em busca da confraria - só que talvez seja necessário incluir os homens, para que não se sintam desprezados, né? Há almas sensíveis que também são atraídos pelo amor aos livros.

Abraços,

Juliana.