terça-feira, 28 de outubro de 2008

Andar de ônibus

Desde o Dia Internacional sem Carro _ 22 de setembro _fiquei pensando sobre a necessidade de minimizar a sua utilização na minha vida. Usar o tempo todo este veículo é contraditório, louco, talvez. Você ganha liberdade, mas perde interação, contato. É uma das formas de prisão que os pequenos burgueses se submetem. As pessoas passam a ter apenas contatos com seus iguais, passam a aspirar coisas semelhantes e o pior a ter o mesmo discurso. Quero isso não.

Fora que quando você está ao volante esquece de olhar a cidade e as pessoas. E isso é tão problemático. Prefiro o olhar do turista, do encantamento. Não quero deixar de ser seduzida pelas pontes e pelas geografias humanas desenhadas nos rostos dos transeuntes e dos passageiros de ônibus.

Outro ponto que contribui para que eu escolha conscientemente utilizar os transportes públicos é a questão da minha profissão. Mesmo que hoje eu esteja assessora de imprensa não posso perder de vista a sensibilidade e o espírito jornalísticos. E partes deles surgem com o contato, com o transitar...

Andar de ônibus é fundamental para a sobrevivência de uma parte de mim que, por vezes, distancia-se.

Há oito anos vivo confinada dentro do meu carro sem ter a exata noção do que sou ou do que era a minha cidade. Perdi a capacidade contemplativa. Lamentável.

Um comentário:

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amiga,
adorei o blog.
leve e, ao mesmo tempo, bem reflexivo, como tudo o que vc faz.
sem contar que o visual psicodélico me agradou mtíssimo, hehehe!
parabéns,
beijão!

p.s.: engraçado, eu sempre achei que o ônibus, apesar de tdo o desconforto, é um dos melhores lugares, ainda, p/ se exercitar esse olhar (p/ fins jornalísticos ou não)...mas concordo com o seu ponto de vista, amiga!
=)