segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A crise do depois dos 25

Apesar de nós sempre acharmos que estamos à frente de tudo quando nos comparamos à outras civilizações, penso que alguns dos nossos parâmetros e nossas verdades são dolorosamente opressoras, sobretudo, quando pensamos no universo feminino burguês. Senti isso há duas semanas, quando completei 26 anos. Uma espécie de crise light pré-existencial aproximou-se de mim. Daí, pude pensar sobre algumas coisas com as quais eu convivo, mas que não tinham sido de certa forma percebidas.

1. odeio a ditadura do cabelo lisérrimo; já submeti-me às escovas progressivas da vida, uma única vez confesso, mas hoje não faria mais isso. Acho uó quem vive em função dos parâmetros alheios. Prefiro o meu cabelo liso-indefinido, ao natural mesmo.

2. também desencanei desta coisa de viver com dez quilos a menos que a sua altura. Estou bem com os meus 64 kg / 1,71 m. Detesto tb este lance da obrigatoriedade de fazer exercícios físicos. E aquele lance do eterno regime feminino? Não gente, acho tudo isso insuportável. Não é um manifesto pró-obesidade, mas acho que devemos nos curtir sem neuras e sem auto-violações saca?
3. descartei também o lance de colocar silicone. Ainda bem que me conscientizei antes de fazer a merda.

4. aquela história que a gente tem que tá sempre bonitinha, arrumada e com um cara maravilhoso ao lado ninguém merece né? Eu adoro maquiagem, roupa, sapato e perfumes, mas sem o lance da obrigatoriedade, sem essa de “ter que estar”. Já quanto ao bonitão, é bom tê-los por perto, mas com paixão, parceria e disponibilidade. Sem estes itens as coisas não valem a pena, ficam meio fakes.

5. outra falácia que pensei foi a da eficiência da mulher multifunções (mãe, dona-de-casa, profissional exemplar, boa companheira e amante). Esta é a mais opressora de todas. E parte dos nossos problemas estão resumidos aqui. Aos poucos, tenho tentado eximir-me das culpas ao mesmo tempo em que deixo de acreditar em heroínas. Não é um processo fácil, pois desde sempre fui programada para desempenhar todas estas atividades (leia-se bonecas, casinhas, boas escolas, bons empregos, príncipes encantados, manuais de sexo).

Talvez tudo eu que disse seja muito clichezão. Todo mundo já tenha falado isso milhões de vezes e tal. Mas completar 26 anos permiti-me tb caminhar por lugares conhecidos, apropriar-me de discursos alheios sem a pretensão de ser original e genial. Há ainda alguns outros aspectos que giram em torno da proximidade dos trinta. Eles são mais subjetivos, mais íntimos, no entanto, ainda não consegui identificá-los

2 comentários:

Pétalas de esperança disse...

Achei este texto super pertinente amiga. Confesso que a verdade é um pouco dolorosa, mas as mulheres seguem este ritual, quase como uma religião. Te admiro muito por esta forte oposição,entretanto eu siga todos os intes citados no texto. Talvez quando eu consiguer me despreender destes " ditames de como se tonar mais bela, custe o que custar", eu consiga inspiração para postar um texto como este... por enquanto...fica só minha admiração!! Você é um talento amiga super escritora-jornalista-mulher moderna do século XXI!!
Bjo amiga queridaaa!

Raquel do Monte disse...

elogio de amiga, num vale fofa. hehehe. eu quero ver vc na blogosfera. demorooo. bj