segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Bienal da vergonha

estão todos falando da polêmica da prisão da pixadora em São Paulo. Existem várias perguntas em torno do fato e acho que elas são bastante pertinentes.

1º A pixação é crime ou forma de manifestação?
2º Até que ponto a polícia, ou melhor, a Justiça tem ingerência sobre as ações artísticas?
3º É lícito deixar uma jovem presa por quase dois meses sob a acusação de violação do patrimônio público?
4º A grafitagem é uma atividade artística?
5º Até que ponto a interatividade e relação do público com a obra de arte era uma atividade legitimada na 28º edição da Bienal?

Como vocês devem ter percebido, pelas minha proposições, o meu posicionamento em tal questão é bastante contrário à postura da polícia, da Justiça e, sobretudo, da curadoria da Bienal. Há muitas coisas implícitas na prisão e manutenção de Carolina Pivetta na cadeia. Acho que a grafitagem é uma manifestação artística contemporãnea e, portanto, a ação da jovem paulista não deve ser compreendida isoladamente e sim como uma resposta e provocação ao modelo e direcionamento político-cultural da Bienal. Neste caso, a própria proposição da Bienal, que havia colocado um espaço em branco, pode ser compreendida como uma possibilidade de interlocução com o público.

O que mais me admira é o silenciamento da curadoria, das entidades e pessoas envolvidas na questão da arte visual no Brasil. É espantoso, que um setor da sociedade considerado tão de vanguarda, no caso, as artes, fique à margem de toda a discussão e desdobramentos que o fato teve e terá.

A prisão também tem a possibilidade de outra perspectiva como, por exemplo, o que é considerado manifestação artística contemporânea e, sobretudo, como as bienais, museus e galerias ainda trazem consigo a aura medieval mesmo com toda a dessacralizaçaõ já colocada por Duchamp há quase 100 anos. Lamentável demais.

Ainda não li o artigo do Paulo Herkenhoff. Tenho certeza que ele, um dos meus críticos de arte preferidos, vai iluminar ainda mais a questão.

2 comentários:

Carol disse...

Amiga,
Dando minha humilde contribuição....
Eu acho que o conceito de arte é maior do que possa imaginar nossa vã filosofia. Arte é toda e qualquer manifestção de pensamento e criatividade humana. Grafitagem é, sim, uma forma de arte. Não-elitista, digamos assim. Acho que a prisão da guria foi uma prova de intolerância e de que a cidade de São Paulo, berço de convergência de todas as artes e manifestações culturais, sociais e econômicas deste País, pode ser mais conservadora do que pensamos. Amiga, desculpa o vácuo... torci o tornozelo e tô de molho em casa.... bjinhosss

Anônimo disse...

olá
vim agradecer a visita e o seu carinho no blog do jairo =]
beijão