sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Sensações dialéticas

Fazer Mestrado é uma coisa boa e ruim. Boa porque amplia profundamente a sua visão do mundo, modifica, de alguma forma o seu ser ( tou falando da minha experiência no campo das ciências humanas). Você passa a treinar o olhar analítico, mais filosófico, reflexivo mesmo. E não é uma análise jornalística superficial e vazia não. É bem maior.

Como o meu objeto de pesquisa está no campo das artes, esta postura “metodológica” de avaliar tudo também se refletiu na minha relação com a música, as artes visuais e acima de tudo, literatura e cinema. Acho legal isso. Dá uma sensação boa de consciência e racionalização das coisas. E não estou me referindo ao academicismo exagerado e nem àquela erudição forçada.

A parte chata é que a pesquisa te consome de um jeito inimaginável. Além da dedicação do tempo real, cronológico, há uma ocupação subjetiva que permanece em vc todos os momentos. E quando a gente está na fase de escrever então, é uma coisa louca. Notei que algo, do ponto de vista das emoções e psicológico, foi alterado em mim. Sem contar que vivo numa angústia terrível que mistura medo da banca e o lance do compromisso produzir uma coisa legal.

Como a dissertação, ou melhor, o mestrado está onipresente na minha vida, não pude ler nada que não fosse ligado a minha área. Então, ao invés de romances, contos, poesias e ensaios críticos, que tanto gosto de ler, entraram livros teóricos sobre cinema, literatura. Troquei Guimarães e João Cabral por Ismail Xavier, Sylvie Debs e outros mais. É chato demais isso. Não nego que tenho tesão em ler livros de pesquisadores da minha área, mas o prazer da escolha é bem mais legal. Por isso, uma pilha de livros e uma lista de títulos, que cresce semanalmente, estão se formando em casa para serem contemplados no próximo ano.

Enfim, o blá blá todo foi pra dizer e justificar que não teria como indicar livros bacanas este ano pq simplesmente eles não existiram na minha vida.

2 comentários:

Jairo disse...

Preciso de força e coragem para encarar um mestrado. Apesar de adorar o jornalismo, tenho um capetinha dentro de mim que fica dizendo que preciso dar aulas! Pra vc, que já venceu essa etapa (ou quase venceu, né?), tiro o meu chapéu! Beijocas

Raquel do Monte disse...

visita mais do que ilustre deste moço aí de cima. Olha, querido, eu sou suspeita pra falar, mas "receber" aulas é uma experiência fantástica. Tenho certeza que vc vai amar a vida acadêmica tb. Bjs