terça-feira, 11 de novembro de 2008

A literatura como militância

Falar de Literatura nos dias de hoje pode parecer uma coisa desproposital, fora de moda. Cada vez mais sinto que as novas gerações estão distantes do universo literário. E, aqui, considero exclusivamente a arte literária, algo como alta literatura mesmo (apesar de achar este termo muito problemático). Então, neste caso, estão fora os blockbusters literários, livros de auto-ajuda e novas ondas do mercado editorial.

Compreendo que o momento histórico é outro e que as tecnologias da informação possibilitaram um novo tipo de relação com o texto artístico, modificando também a aura da literatura. Portanto, acredito que defender a Literatura na contemporaneidade é uma atividade política, uma militância. Lembro neste sentido, que me sentia exemplarmente engajada quando falava aos meus alunos sobre a arte literária, com suas especificidades, riquezas e escritores geniais.

Eu tentava passar pra eles minha paixão e todas as emoções que vinham dela. Eles eram burgueses (a Universidade era Federal, grande concentração de renda e tal) e haviam nascido nos últimos dois anos da década de 80. Em alguns momentos sentia uma certa resistência entre os estudantes de publicidade que acreditavam presunçosamente que a publicidade era superior a todas as outras expressões. Outros de jornalismo e radialismo também resistiam um pouco, talvez pq para eles a internet e o cinema eram superiiores também. No entanto, em vários momentos ficava profundamente tocada quando percebia em cada expressão o detalhe que revelava a curiosidade e o encantamento diante do texto. Em uma das aulas, cheguei a chorar quando vi que a poesia expressa nos textos de Raduan Nassar tinha de alguma forma modificado o contato daqueles alunos com a Literatura. Era Lavoura Arcaica. Foi lindo.

3 comentários:

Gisele Regina de Azevedo disse...

Me senti o sapo na água, lendo seu texto... diliça!!!

Raquel do Monte disse...

como é um sapo na água?? :)

Mandrey disse...

Oi Raquel, passei para retribuir sua assiduidade quase diária no Mandra Brasa (o Google Analytics me mostrou, hehehe).

Concordo plenamente com você sobre o abismo que existe hoje separando-nos da literatura. A informação escrita passou a ser tão dinâmica e digital que é raro ver alguém interessado numa leitura "convencional", com o bom e velho livro.
Talvez isso explique o receio que tenho em extrair do blog algumas pérolas para formatar uma publicação. Pois agora, com três filhos para criar, não posso me dar ao luxo de amargar um "prejú" editorial. hahahahahaha.